A inteligência artificial (AI) vai e já está a provocar mudanças profundas na nossa civilização. É uma arma que pode ser poderosíssima, que pode ser utilizada para o bem, como para o mal.
O problema é quem está por detrás da AI, ou qual o objetivo dessa AI.
Liberdade
O meu grande receio da AI, não está relacionada com aquelas ideias fantasiosas dos filmes de ficção científica, onde as máquinas entram em guerra com os humanos, o meu receio é algo mais realista, é a utilização da AI para oprimir ou condicionar as liberdades individuais, ou seja, são humanos a querer controlar outros humanos.
Durante as últimas décadas os governos, criaram leis que violam a privacidade e liberdades, onde todo online é guardado e monitorizado. As câmaras de videovigilância estão por todo o lado. Depois de recolher os dados, será necessário a AI para analisar todos esses dados, aqui está o perigo, um verdadeiro Big Brother.
É um perigo para as democracias, para a privacidade, para as liberdades individuais e contra o livre-arbítrio.
Produtividade
A produtividade é basicamente definida como a relação entre a produção e os factores de produção utilizados. A produção é definida como os bens produzidos (quantidade de produtos produzidos). Os fatores de produção são definidos como sejam pessoas, máquinas, materiais e outros. Quanto maior for a relação entre a quantidade produzida por fatores utilizados, maior é a produtividade.
Simplificado, consiste em, um trabalhador produzir mais produtos, no mesmo período de tempo.
Aqui a AI poderá ter um lado positivo, vai permitir um ganho enorme na produtividade. O mundo do trabalho vai mudar, certos empregos vão acabar, essas pessoas terão que se adaptar a uma nova realidade. O essencial é que vai gerar um aumento na produtividade como nunca antes vista, possivelmente o maior de sempre após a revolução industrial.
Esse aumento de produtividade deveria repercutir para o trabalhador e para a empresa, com salários superiores e maior lucro, respetivamente.
“Para aumentar os salários, é necessário aumentar a produtividade”
Esta mensagem repetida até à náusea pelos políticos que é certa medida é verdade, mas o problema são os próprios políticos, os maiores “ladrões”/destruidores da produtividade/salário, através da inflação (aumento da base monetária).
Isto é a história do cartoon, do burro e a cenoura, onde a cenoura é a produtividade e o burro é o povo, onde apenas o político beneficia.
As pessoas esforçam-se para aumentar o seu salário, produzem mais, o seu salário é aumentado mas ao mesmo tempo o governo desvaloriza a moeda, ou seja, o valor nominal do salário aumenta, mas o poder de compra fica igual ou menor.
O esforço do trabalhador é inglório, não serviu para nada.
Crescimento da produtividade e remuneração por hora desde 1948:
Fonte: O QUE ACONTECEU EM 1971?
Este gráfico é perfeitamente demonstrativo do efeito do aumento da base monetária na remuneração dos trabalhadores. Até 1971, o aumento da remuneração dos trabalhadores, acompanha o aumento da produtividade. Após a criação do sistema fiduciário (1971), que permite desvalorizar a moeda, o imposto invisível, o grande beneficiado do aumento da produtividade foram os governos (e os seus amigos), em vez dos trabalhadores. Nas últimas 5 décadas, houve duas grandes revoluções que permitiram um aumento enorme da produtividade, da tecnologia/industrialização e a internet, mas estes avanços foram absorvidos pelos governos, os cidadãos pouco beneficiaram economicamente.
O mesmo vai acontecer com ganho de produtividade gerada pela AI, os governos vão querer absorver esse benefícios para si. Em vez do aumento de salário dos cidadãos, essa riqueza vai ser utilizada para reduzir os enormes déficits públicos e para financiar estados gordos.
Assim, esta parte da AI que poderia ser boa para a civilização, vai acabar por ser diluída pelos estados.
É curioso que o cidadão comum, consegue compreender o conceito económico de produtividade, mas já tem dificuldades em entender a inflação (o aumento da base monetária). E o estado, por interesse próprio, também não ensina, preferem manter o assunto meio nublado.
Há uns anos, eu em conversa com um senhor com bastante idade, um sujeito com poucos estudos, que foi sempre agricultor. O senhor contava a história, que antigamente nos campos com batatas eram necessários dezenas de trabalhadores para colher as batatas, mas hoje, basta um trator e uma pessoa, para fazer o mesmo trabalho. Depois concluía, se o custo com os trabalhadores diminuiu, logo o preço das batatas deveria diminuir, mas aconteceu o contrário, logo é culpa do proprietário/empresário, que está a enriquecer e é ganancioso.
A primeira parte é a descrição do aumento da produtividade, mas a sua conclusão está errada porque o senhor não tem noção do aumento da base monetária. O preço das batatas só baixaria, caso a base monetária fosse fixa. Enquanto ambos apontam o dedo, os trabalhadores acusam os empresários, os empresários acusam os trabalhadores; o estado observa e rouba os dois em simultâneo.
A impressão de dinheiro é um imposto invisível. Só existe uma maneira de evitar este roubo do século: