Vivemos numa sociedade com valores errados, onde querem forçar a igualdade, quando deveria ser equidade. Um ensino que não ensina, mas sim, doutrina. Onde não interessa demonstrar conhecimento, nem ter conhecimento crítico, o importante é decorar e repetir ideias feitas, deecorar apenas aquilo que uma pseudo elite quer, aquilo que eles acham o que é melhor para todos, em prol dos seus interesses. Com um ensino, onde ninguém reprova, mesmo para aqueles que não têm conhecimentos, o fundamental é manipular as estatísticas do país, para dar a ideia que somos letrados. Um incentivo à mediocridade, o nivelar por baixo.
Estas políticas tem efeitos a médio prazo, as crianças tornam-se adultas, transformando as democracias em idiocracias.
As pessoas adoram eleger políticos que prometem tudo, onde tudo é grátis, não têm capacidade para compreender que isso é impossível. Os governos são um sistema de soma-zero, ou seja, se alguém tem acesso a algo grátis, significa que outra pessoa teve que pagar por isso, NÃO existem coisas grátis.
Se um governo não reduzir a despesa pública e ao mesmo tempo baixa um imposto, significa, obrigatoriamente, que outro ou outros impostos terão que aumentar.
E uma dívida agora, significa mais impostos no futuro.
Se estas coisas mais básicas as pessoas não conseguem compreender, como conseguirão entender a expansão monetária? Nunca entenderão, que não são os produtos que estão mais caros no supermercado, mas sim, a moeda é que vale menos, perdeu poder de compra.
Os políticos sempre usaram e abusaram da inflação, o imposto oculto, para financiar políticas populistas, ou seja, para comprar votos. Eles sabem, que ao fazer austeridade, a próxima eleição está perdida, por isso preferem desvalorizar a moeda, aproveitam-se da ignorância da população, que não consegue compreender o efeito inflacionário.
Isto é assim durante décadas, por interesse próprio, os políticos recusaram fazer austeridade, mas neste momento existem dois movimentos interessantes, a França e Argentina.
A França está num pântano político e económico, já tiveram 5 primeiros-ministro em menos de 2 anos, o último durou menos de 1 mês. A França está com enormes problemas orçamentais e fiscais, com uma gigante dívida soberana e uma carga fiscal enorme. Chegou ao ponto de os políticos já perceberam que a austeridade é a única solução mas é a própria população a recusar um corte de despesa públicas, querem manter tudo como está.
Na Argentina está a acontecer algo similar, Milei conseguiu fazer algumas reformas, mas os resultados só são positivos a médio prazo, a curto prazo é duro para a população. Apesar de algumas medidas já se notarem resultados positivos, sobretudo na inflação, só que as pessoas têm uma alta preferência temporal, querem tudo de imediato, para ontem. Existe uma forte possibilidade do Milei perder na próxima eleição e a Argentina voltar ao mesmo.
Não vale a pena um político querer mudar, se a população não o quiser, não dá.
No Bitcoin
O caso do Milei, é uma importante lição para nós bitcoiners, para refletirmos. A economia é mais uma ciencia social, do que uma ciencia exata. Apesar do Milei, estar envolvido em alguns escândalos estúpidos, o principal problema foi querer fazer uma reforma tão profunda, em tão pouco tempo. A população não estava preparada, não tem literacia para compreender as medidas, elas devem ser absorvidadas lentamente. Teoricamente e economicamente, as medidas podem estar corretas, mas se a população não compreende, não aceitam, acabam por rejeitar, preferindo o anterior.
Isto é uma lição para os bitcoiners que defendem que os governos devem acabar e substituir a moeda FIAT por Bitcoin. Apesar de Bitcoin ser a opção certa, as mudanças são tão profundas e complexas, as pessoas acabariam por rejeitar a meio caminho, como está a acontecer na Argentina. As mudanças são tão drásticas, dificilmente as gerações adultas que viveram na era FIAT, vão aceitar o padrão Bitcoin. Para ser eficaz, a população terá que ser educada e adaptar-se gradualmente a um novo sistema, de forma gradual e ao longo de várias décadas. Se for muito rápido, falhará.
A adoção deve ser sempre de baixo para cima e não o seu contrário.
Nós bitcoiners temos um viés, somos demasiado racionais, como o Bitcoin é a melhor moeda, acreditamos que toda a gente é racional suficiente para querer ter Bitcoin. Da mesma maneira, achamos que a auto-custódia é essencial e queremos que toda a gente tenha o Bitcoin em auto-custódia, mas isto é viés nosso, a maioria das pessoas não vão querer. Nós somos a excepção e não a regra.
A escassez ou a descentralização não será suficiente para uma adoção alargada, o comportamento humano é mais importante que os fundamentos. Se as pessoas não conseguem compreender o básico da moeda FIAT, dificilmente vão compreender a complexidade do Bitcoin e a teoria dos jogos.
Nós bitcoiners sobrestimamos a inteligência e a racionalidade das pessoas, para comprovar isso, nem necessitamos de olhar para Bitcoin, basta olhar para o Dólar, que é uma moeda com muito mais história e com uma adoção ainda mais ampla. Se observarmos países com recorrentes inflações altas e onde existe um alargado acesso à internet, se perguntarmos qual é a melhor moeda FIAT, a local ou o dólar. A maioria das pessoas vai responder que é o dólar, mas apenas uma pequena percentagem dessas pessoas, na realidade preservam a sua poupança em dólares, a maioria preferem a moeda FIAT local. Parece um contrassenso, mas é a realidade, apesar de acharem que o dólar é melhor, mas preferem a moeda local. Hoje em dia, com as stablecoin é facílimo ter dólares, se estas pessoas nem dólares tem, muito menos irão ter Bitcoin.
Se queremos ter uma adoção generalizada de Bitcoin, esta deve ser lenta e gradual, cada pessoas deverá adotar e aumentar a alocação ao seu próprio ritmo.