Código Deontológico

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Código Deontológico
  1. O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem provas e o plágio como graves faltas profissionais.
    Combater o sensacionalismo?

Qual combater! Os jornalistas são os próprios a criar o sensacionalismo.As
O caso da cerimónia fúnebre do Diogo Jota, vai muito além do tolerável, são 3 dias a transmitir tudo na televisão, a explorar a dor de uma família enlutada. A explorar como se fosse um BigBrother.

  1. O jornalista deve recusar as práticas jornalísticas que violentem a sua consciência.

Se explorar a dor de uma família, apenas com o objetivo de ter mais audiências, não violam a consciência dos jornalistas, o que violará?

  1. O jornalista deve salvaguardar a presunção de inocência dos arguidos até a sentença transitar em julgado. O jornalista não deve identificar, direta ou indiretamente, as vítimas de crimes sexuais. O jornalista não deve identificar, direta ou indiretamente, menores, sejam fontes, sejam testemunhas de factos noticiosos, sejam vítimas ou autores de atos que a lei qualifica como crime. O jornalista deve proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor.”

Perturbar a dor?
Nestes últimos 3 dias, as tvs não fizeram outras coisas, senão perturbar a dor da família e dos amigos. Com dezenas de horas a explorar a dor, com directos incessantes e contínuos. Não só as tvs, os jornais também compactuam com este espetáculo mórbido, com títulos sensacionalistas, ao publicar ao minuto as fotografias das pessoas presentes.
Com muitas entrevistas bizarras aos populares presentes, tudo foi feito para manter os directos.

  1. O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos exceto quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade, dignidade e responsabilidade das pessoas envolvidas.

O artigo 10 do código Deontológico é totalmente violado, em nenhum momento houve algum respeito pela privacidade, tanto da família em questão, como dos amigos. Não venham dizer que isto tem interesse público…

Transformaram a cerimónia fúnebre num espectáculo televisivo, quase como um desfile, uma passadeira vermelha. Onde procuram identificar as figuras públicas, quem esteve presente.
E a população ainda alimenta mais esta crueldade, estando no local, assistindo e participando no espectáculo. Esperando ansiosamente pela aparição da próxima estrela.


Eu nunca consegui perceber o porquê do fascínio humano pela dor, pela crueldade. Olham para isto como uma novela. A vida em si já é cruel, todos nós temos as nossas dores, não faz qualquer sentido, viver as dores dos outros.

O ser humano até pode gostar de assistir a estas dores, mas os tvs e os jornalistas têm o dever e a obrigação de não compactuar com esta atitude mórbida e deve respeitar a privacidade dos presentes. Nada disto foi respeitado, uma falta de ética tremenda. Vivemos num mundo, vale tudo para fazer dinheiro ou ter audiências.

Eu sei que tenho uma visão controversa sobre os funerais, eu detesto funerais. As pessoas devem ser amadas e respeitadas em vida e não depois de mortas. Muitas pessoas estão há anos sem falar com o falecido, não tiveram presentes na sua vida, mas estão presentes em sua morte. Respeitem e vivam a vida, enquanto as pessoas estão vivas.
Por vezes, até os inimigos estão presentes, durante muitos anos odiavam-se, mas depois de morto, já era uma jóia de pessoa, a hipocrisia humana.

O mundo está cheio de carpideiras, transformam os funerais em locais de convívio, para meter a conversa em dia, para a fofoca e/ou para cortar na casaca, para analisar quem está presente e sobretudo, para quem não está presente, para depois fazer juízos de valor.
É apenas um espetáculo de dor.


A meu ver estas devem ser simples e restritas ao núcleo familiar e amigos. Sobretudo vivam com os vivos e não com os mortos, porque os cemitérios estão cheios de pessoas insubstituíveis.




Descansam em paz, Diogo Jota e André Silva

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