António Costa pode ser criticado numa infinidade de situações, mas temos que admitir que ele é muito bom em insinuar, não dizer a verdade mas também não mente. O Costa conseguia transmitir uma mensagem vaga propositadamente, levando os portugueses a acreditar em algo que depois não vai corresponder à verdade.
Eu detestava isso no Costa, mas tenho que admitir que ele era um génio a fazer isto. Este tipo de política de insinuação, na maioria das vezes é subtil. É tão subtil, que português comum não consegue compreender, apenas os mais atentos ou com mais conhecimentos conseguem diferenciar.
Ontem Montenegro fez o mesmo, durante a campanha eleitoral prometeu uma coisa, mas depois de eleito fez outra.
“Afinal, choque de IRS de Montenegro é seis vezes inferior ao de Costa: Pedro Nuno acusa Governo de “embuste”
Redução de IRS deverá rondar apenas os 200 milhões de euros. Os 1,5 mil milhões de euros anunciados por Luis Montenegro já abrangem a redução de IRS em vigor, aprovada pela anterior maioria socialista.” – Expresso
Montenegro utilizou uma artimanha para cumprir a promessa, para calcular os 1,5 mil milhões de euros, não utilizou a tabela de IRS em vigor mas utilizou a tabela de 2023, porque se o cálculo fosse feito com a tabela de 2024 a redução seria apenas 200 milhões. O problema, é que não faz qualquer sentido fazer a comparação com a tabela de 2023.
A convicção que eu tenho, Montenegro não queria baixar o IRS, foi apenas uma promessa eleitoral para ludibriar os portugueses. A redução dos 200 milhões apenas está lá, para não ser acusado de mentir, na prática ele baixou os impostos.
O problema é que os portugueses (pelo menos os que votaram na AD) acreditaram que iria fazer um “choque” fiscal, uma grande redução de impostos, mas afinal foi uma redução marginal, quase inócua.
Não só Montenegro, mas como a maioria dos políticos da atualidade estão a seguir a “escola do Costa”. Depois não se admirem que os partidos de protesto estejam a crescer, os portugueses estão cansados de mentiras, querem políticos íntegros, honestos, algo que escasseia na atualidade.
Jornal Expresso
“O Expresso publicou em manchete na sua última edição o seguinte título: “Montenegro duplica descida de IRS até ao verão”. A notícia começou a ser desenvolvida a partir das declarações do primeiro-ministro proferidas na abertura da discussão do programa do Governo. Luis Montenegro disse aos portugueses que ia fazer de imediato uma redução de IRS que teria um impacto de 1500 milhões de euros. Com base nesta afirmação, o Expresso fez perguntas ao gabinete do Ministro das Finanças e contactou várias fontes. Ninguém desmentiu o que tinha sido dito no Parlamento, ninguém corrigiu a informação.
Mais: o Expresso esteve atento a cada palavra do primeiro-ministro no debate. Primeiro disse isto: “Aprovaremos na próxima semana uma proposta de lei que altera o artigo 68º do Código do IRS, introduzindo uma descida das taxas sobre os rendimentos até ao oitavo escalão, que vai perfazer uma diminuição global de cerca de 1500 milhões de euros nos impostos do trabalho dos portugueses face ao ano passado, especialmente sentida na classe média”.” – Expresso
O jornal Expresso fez uma notícia, baseada nas palavras do 1º Ministro, hoje o seu diretor faz um pedido de desculpas aos seus leitores, por ter transmitido uma noticias falsa.
“Afinal o Expresso errou. Pior. O Expresso publicou uma notícia falsa. Pelo facto pedimos desculpa aos nossos leitores. A publicação desta notícia seguiu as regras e procedimentos que exigimos antes da publicação de uma notícia. Não contávamos era com o facto de o primeiro ministro ter, no Parlamento, ludibriado os portugueses.
A redução de IRS que Luis Montenegro anunciou com pompa e circunstância, a redução de impostos que andou na campanha eleitoral a defender, é afinal falsa. São apenas pequenos ajustes sobre a redução já anunciada por António Costa no Orçamento para este ano. Os 1500 milhões de euros são apenas €170 milhões, porque 1330 milhões de euros foram já implementados pelo anterior governo.
Luis Montenegro apresentou uma redução de impostos que não passa de um embuste.
A verdadeira redução de imposto é contrária à ideia que o primeiro ministro vendeu no Parlamento. É contrária à ideia do que andou durante toda a campanha eleitoral a anunciar. Só tenho uma palavra para descrever tudo isto. Fraude.
Contudo, no final do dia, quem errou foi o Expresso. Por ter sido ingénuo a acreditar nas palavras do primeiro-ministro de Portugal. Mais uma vez, peço desculpa aos nossos leitores. Não voltará a acontecer.” – Expresso
Neste caso, tiro o meu chapéu ao diretor do Expresso, pela sua coragem e por repor a verdade. Estou curioso sobre o que o Balsemão vai fazer.
Mas Sr. diretor, não é primeira vez que o Expresso divulga FakeNews, algumas delas foram bem recentes e algumas ditas por si, no podcast Money Money Money. Espero que tenha a mesma coragem, aguardo aqui sentado numa poltrona, o seu esclarecimento, a reposta da verdade e o pedido de desculpas.